A montagem parte da relação entre os palhaços, de como cada um deles enxerga o mundo e dos conflitos gerados por essas diferenças. A direção trabalha no sentido de fundir recriações de gags clássicas de palhaços com o repertório desenvolvido pelos besteirologistas em seu trabalho no hospital.
A cenografia é, ao mesmo tempo, simples e arrojada, no sentido de que um único elemento é ponto de partida para a criação de todos os ambientes, complementados pelos adereços. O universo do palhaço é reconstruído a partir de itens concretos de uma casa comum e do ambiente hospitalar, como um guarda-roupa transformado em dormitório ou uma mesa, num carro. Objetos do universo hospitalar, como seringas e luvas cirúrgicas, assumem nova função: tornam-se instrumentos musicais que, ao lado de instrumentos convencionais, criam toda a ambientação do espetáculo (sons incidentais, vinhetas e música).
Os figurinos respeitam igualmente as características individuais de cada palhaço, fixando-se nas cores básicas da tradição do circo (preto, branco e vermelho) e fazendo menção a elementos do cinema mudo. Devido a essas referências, o espetáculo também fala diretamente aos pais, resgatando memórias de infância, porque é nela que o palhaço está “guardado”.
Estimulando ainda a interatividade com a platéia, o espetáculo culmina com a realização de uma “cirurgia”.